segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Cancela Tropa - uma história quase real da C. Caç. 4242 que prestou serviço militar em Mandimba, no Niassa, Moçambique em 1972/74

Operação militar

Informações do pessoal da DGS [Pide] indicaram a passagem de um grupo de cerca de 50 Turras, no sentido E-W, com origem na margem norte do rio Luchímua e tendo como possível objectivo a reactivação da base situada, tempo atrás, nos montes Checulo.

[Enviadas tropas da C. Caç 4242 para neutralização do grupo IN e elaboração de relatório]

De início, o Cancela escrevera: [no relatório]

“Detectaram-se vários trilhos provenientes da passagem de uma pequena manada de elefantes, pois, junto ao rio e em locais mais húmidos da floresta, eram bem visíveis as pegadas dos ditos paquidermes. Não havia quaisquer sinais da passagem de seres humanos…

[Tratava-se de uma autêntica hostilização às informações da Pide /Dgs, havia necessidade de rectificar o relatório, caso contrário...mudança de Sector]

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

32º. CONVÍVIO C.CAÇ. 4242 – MANDIMBA-NIASSA-MOÇAMBIQUE

COMUNICAÇÃO DE MIGUEL SIMAS


32º. CONVÍVIO C.CAÇ. 4242 – MANDIMBA-NIASSA-MOÇAMBIQUE


Restaurante Penedo - Cantanhede


Exmo. representante do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Cantanhede;


Caros Companheiros de Armas,


Minhas Senhoras e meus Senhores,


Sejam todos bem vindos ao 32º Convívio da CCAÇ 4242 desta vez promovido e realizado pelo Milton Mota superiormente apoiado pela Solene sua esposa.


Fará este ano, lá para Novembro, 45 anos, em que um punhado de rapazes saiu de Santa Margarida, em autocarros com destino ao aeroporto de Figo Maduro, de onde partiria num avião Boing 707, da FAP, a caminho da Beira (Moçambique) com escala em Luanda.


Na bagagem levávamos a nossa grande força de viver e a esperança de regressarmos vivos e sãos, coisa que a alguns, infelizmente, não veio a acontecer.


Estamos aqui reunidos com os nossos familiares mais directos para fomentar a amizade e festejar a vida que ainda temos. Ninguém nos pode tirar o mérito de termos sabido preservar as nossas vidas até agora.


Estes momentos de convívio jamais poderão servir para tirar velhos ressentimentos, que por ventura ainda existam por debaixo dos tapetes, para serem esgrimidos contra outros camaradas.


Somos humanos e, quem nunca errou, que atire a primeira pedra! Temos que utilizar o magnânimo Dom de perdoar.


Uns dias antes de vir dos Açores o Almeida, não fosse ele o Psicola, enviou-me um texto intitulado “Enquanto se lutava”, com quatro temas de reflexão para que os apresentasse aqui neste convívio, coisa que o farei de seguida, não sem antes tecer o seguinte comentário.


O título, enquanto se lutava, dá a entender que éramos umas máquinas de guerra, mas não foi bem assim, porque a nossa missão no local que nos encontrávamos foi essencialmente de proteger e apoiar as populações carenciadas e indefesas, em termos sociais e de possíveis ataques.


Nós que até éramos da geração “Make Love, not Word” –Faz amor e não a guerra – o que queríamos era deixar passar o tempo para nos virmos embora para as nossas casas, as nossas noivas e as nossas famílias.


Uma das formas de não sentir passar o tempo era precisamente, fazer o bem e conviver com a dócil população Moçambicana que nos rodeava no quartel em Mandimba.


E foi assim que surgiram várias iniciativas levadas a cabo pela Companhia e que passava a citar:


1 – Assistência às populações.
Para além da assistência quase diária a todos os aldeamentos ao redor do quartel com a distribuição de água, quando esta faltava, de rações, sal e açúcar, gostaria de realçar que, muito perto de nós havia a Aldeia M´Papa, onde eram confinados os doentes Moçambicanos atingidos pela terrível doença da lepra e a quem dedicávamos uma especial e carinhosa atenção;


2 – Construção.
Durante a comissão foi preocupação do Comando da nossa Companhia conservar e melhorar sempre as instalações que nos tinham sido legadas, para além da constrição de um novo paiol, de novos abrigos e de palhotas para habitação dos GE`s;


3 – Também se rezava.
Claro que os camaradas mais crentes o faziam todas as noites a agradecer as dádivas divinas e a pedir um igual dia seguinte enquanto que, os menos crentes, apenas o faziam nas horas de aperto e de aflição;


4 – Também se aprendia.
Com o objectivo de valorização do pessoal a Companhia criou as “Aulas Regimentais”, superiormente dirigida pelo Furriel Almeida, professor de profissão, coadjuvado pelo 1º. Cabo Gaspar Mulessima também ele professor.
Assim se conseguiu que vários militar, Moçambicanos e da metrópole, tivessem tirado a 3ª e a 4ª classes com aproveitamento escolar de 100 %.
Ainda antes de terminar tenho a honra e o privilégio de vos apresentar uma peça de guerra do meu museu particular, um disparador Tipo MUV, de fabrico soviético e que fazia parte integrante de uma mina anti-pessoal.
O disparador que vos mostro é constituído por um cilindro metálico onde dentro tem um precursor, sob pressão de uma mola helicoidal que é travado o seu movimento por uma cavilha.
Esta puxada inicia de imediato o movimento do precursor que ao embater num detonador, constituído por uma cápsula fulminante reforçada com um pouco de tetril, provoca uma detonação que, por simpatia, faz detonar uma carga explosiva normalmente petardos de trotil.
Ao conjunto do disparador e do detonador chama-se espoleta.
Finalmente resta-me dizer-vos o seguinte:
  1. Agradecer a deferência do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, em que ao fazer-se representar neste evento pelo assessor Dr. Casas, demonstra o respeito e consideração para quem, muito novos, arriscaram a vida;
  2. Agradecer a presença de todos os presentes com os votos que este convívio sirva de fermento para o próximo;
  3. Agradecer a hospitalidade do Milton Mota e do Santos que tão bem divulgaram e organizaram este evento;
  4. E, porque os últimos são os primeiros, um agradecimento muito especial à Solene, companheira de sempre do Mota, que confeccionou e nos presenteou com tão ricos manjares;
  5. Por último não podemos jamais esquecer os nossos Companheiros da CCAÇ 4242 que deste mundo já partiram. Eles farão sempre parte de nós pelo que, de pé, pedia um minuto de silencia em sua memória.


Desejo-vos a todos a continuação de um saudável convívio com votos de um bom regresso às vossas casas e de muita saúde para todos.


Obrigado pelo tempo que vos roubei.

Miguel Simas

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Outra forma de exploração e aproveitamento dos militares

Valia tudo, até explorar o sentimento de insegurança e perda dos militares do Ultramar!
Para ver melhor clique na imagem.

domingo, 21 de outubro de 2007

Foto do director deste Blogue, tirada em Meponda, muito perto do Lago Amaramba (Mandimba)

Em Baixo, da esq. p. a direita: Cardoso e Nisa; em cima, pela mesma ordem: Costa, Silva e Almeida (Psícola).
São militares da Companhia de Caçadores 4242, que prestou serviço militar em Mandimba, Niassa, Moçambique, de 1972/74.
Tinham 20-22 anos; uns jovens despreocupados, que me ajudavam a fazer a acção psicológica [Psico]...e a beber uns copos na Cantina Gomes!
Um abraço especial ao Costa.

domingo, 12 de agosto de 2007

No centenário do nascimento de Miguel Torga

A vida é feita de nadas
De grandes serras paradas
À espera de movimento;
De searas onduladas pelo vento;

De casas de moradia
Caídas e com sinais
De ninhos que outrora havia
Nos beirais;

De poeira;
De sombra de uma figueira;
De ver esta maravilha:
Meu pai a erguer uma videira
Como uma mãe que faz a trança à filha.

Miguel Torga

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Mensagem do Simas - de Lissiete a Namicoio Velho

Caros Companheiros de Armas.
Como sabemos foi produzida uma História da CCAÇ 4242, relatando algumas operações e acontecimentos ocorridos durante a nossa expedição Militar em Moçambique, entre Novembro de 1972 e Novembro de 1974, muito espartilhada e mais de acordo com os preceitos e regras militares de então do que com a verdadeira realidade dos acontecimentos.
Tínhamos que parecer bons soldadinhos a fim de evitar-se um castigo que seria eventualmente a nossa transferência para uma zona mais “quente” naquele teatro de guerra.
Vem isto a propósito de um extracto do relatório da acção da Lissiete a Namicoio, publicada pelo nosso incansável director Almeida Psicola na página da nossa Companhia e que, a meu ver, contendo algumas inverdades, para bem da verdade e pelo respeito devido a todos os intervenientes, deverei acrescentar o seguinte:
1 – Tínhamos saído do quartel pelas 05H30 e após quatro horas de trajecto, numa picada que não passavam viaturas há cerca de seis anos, não ia à frente qualquer equipa a fazer a picagem. Na frente da viatura ia o condutor, eu e o Roxo e na caixa, devidamente reforçada com sacos de areia, vinha o resto do 1º Pelotão.
O capim era mais alto que a viatura e os dois trilhos do rodado mal se viam.
A roda traseira do lado direito pisou uma mina anti carro TM 46 de fabrico americano. A jante e a borracha do pneu, reforçada com rede de aço, desapareceram vendo-se apenas algumas fitas que nem davam para fazer umas solas de sandália.
2 – Depois do enorme estrondo os companheiros começaram instintivamente a disparar as armas, ao que julgo, sem saberem para onde.
O pessoal que se encontrava operacional montou a segurança e prestou assistência aos mais abalados, que foram mais do foro psicológico e da coluna. Recordo-me que o soldado “Checa”, natural de Sintra, ficou bastante abalado pois que não reagiam ao que se passava à sua volta.
Ao Racal, o já falecido Fevereiro, fartava-se de chamar o Tabefe para anunciar o rebentamento de uma MIKE na PAPÁ mas, … nada. Então ele informa que o rádio, que apresentava uma grande amolgadela, não funcionava porque tinha eventualmente o cristal de frequência partido.
O Comandante do grupo deu-me então ordens para eu regressar a pé até à Companhia trazer a notícia e pedir auxílio. Insurgi-me dizendo que seria perigosíssimo pois que, estando a nossa presença denunciada, correríamos o risco de facilmente sermos apanhados à mão pelo IN.
Perante a insistência da ordem disse que só viria com uma secção o que me foi recusado, atendendo à necessidade de manter segurança à viatura, tendo-me sido permitido apenas vir com mais dois elementos.
Verificando-se a ausência de voluntários escolhi, se a memória não me falha, o cabo Polido e o soldado Lamego que, com alguma renitência aceitaram a missão.
3 –O regresso dos três ao quartel iniciou-se cerca do meio dia só com as G3 e sem qualquer meio de comunicação.
Estava a anoitecer, talvez cerca das 19H00, e estávamos a chegar ao aldeamento da Lissiete, quando nos deparamos com a vinda de uma Berliet do destacamento de Belém pois  que as nossas estavam avariadas.
4 -  Aí tomamos conhecimento que o Fevereiro conseguira falar para uma Companhia de Cabo Delgado que recebendo a mensagem a retransmitiu para a CCAÇ 4242, informando também que haviam três malucos a caminhar a pé, em direcção ao quartel o que, sendo noite, minimizou os riscos da aproximação à viatura.
5 – Confrontados com a solicitação de informação de como chegar à viatura acidentada e sem qualquer resposta possível não só pela altura do capim mas também por ser noite, por sinal bastante escura, e também por uma questão de solidariedade para com os companheiros que lá estavam, subimos para a viatura, Deus sabe com que forças, para regressarmos ao local do acidente.
6 – Lá chegados a Berliet de Belém fez a inversão de marcha, carregaram-se os feridos e o pessoal restante do 1º pelotão de regresso ao quartel tendo ficado o grupo de Belém a manter a segurança à viatura que demorou, por falta de peças, dois ou até mesmo três dias a ser reparada no local.
Tratava-se de um sítio muito isolado e, com o vai e vem de viaturas e de pessoas, a Frelimo, se quisesse e ou pudesse, poderia ter provocado danos muito maiores que, felizmente, não aconteceram.
Aqui fica este pobre mas sentido depoimento de quem viveu muitos momentos da referida operação e que, no fundo, pretende apenas fazer justiça a todos os que nela participaram mormente ao Cabo Polido e ao soldado Lamego pela coragem demonstrada.
Como poderão verificar qualquer semelhança desta crónica com o relato oficial é pura coincidência.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

"Conselhos ao Soldados do Ultramar"

“Em época de informação controlada pela censura e propaganda, transformar jovens europeus, camponeses e citadinos, em soldados capazes de viver e combater nos teatros africanos exigia o recurso a todos os meios, incluindo a arte e o humor.”
[D. N. Guerra Colonial: pag. 472 e 473] Clik na imagem para ampliar

terça-feira, 24 de julho de 2007

AEROGRAMAS - UMA FORMA (quase única ) DE CORRESPONDÊNCIA



SPM 6944 - ERA O CÓDIGO POSTAL (Serviço Postal Militar) DA C CAÇ 4242 - MANDIMBA

AEROGRAMAS

O Movimento Nacional Feminino (MNF) – estrutura do Estado Novo – foi o criador dos Aerogramas, com a finalidade de apoiar moral e socialmente os militares em serviço no Ultramar e suas famílias, muitas vezes com acções populares a que não faltava o cunho da demagogia.

Ao MNF se deve, pois, o lançamento dos aerogramas, alcunhados de “bate-estradas”, que constituíam o meio mais difundido de correspondência entre os militares e as suas famílias.

Destes aerogramas, cujo fornecimento e transporte era gratuito para os militares, estima-se que tenham sido impressos cerca de 300 milhões.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Tudo como dantes...quartel em Mandimba

Algures nos anos de 1972/74, em Moçambique já havia minis, e coca-cola e pepsi-cola.
Eram danados para elas! Elas, as 2M, Laurentina e Manica. De quando em vez vinham as bazukas.
Na foto, o nosso director (à esquerda) e o Azevedo.
Uns bacanos.

domingo, 15 de julho de 2007

Fernando Pessoa

HORIZONTE

Ò mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa —
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte —
Os beijos merecidos da Verdade.

O menino da sua mãe

No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado-
Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho unico, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe

Fernando Pessoa

sábado, 14 de julho de 2007

Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

(...)

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

José Régio

Observe esta foto e a seguinte. Veja as diferenças...

terça-feira, 10 de julho de 2007

domingo, 8 de julho de 2007

Panfleto da Frelimo



DUM PANFLETO DA FRELIMO DEIXADO NAS MATAS DO NIASSA em 1973?

Milicianos:

“Nós da Frelimo sentimos o vosso tempo perdido de uma preocupação pela nossa situação que Portugal enfrenta nesta hipótese.

A vida que vós levam de andar a perseguir a força da Frelimo é em vão em curtas palavras.

Digamos vos que a Frelimo muito breve triunfará. Esta luta é para o bem do Povo.

Nós lutamos contra o colonialismo. Não contra o Povo."

segunda-feira, 2 de julho de 2007

quarta-feira, 13 de junho de 2007

C CAÇ 4242 - MAMDIMBA - MOÇAMBIQUE 1972/74

COMPANHIA DE CAÇADORES Nº 4242

Oriunda do Regimento de Infantaria nº 2 - Abrantes - , após aí terminados os periodos de instrução normal a qualquer Companhia que venha em reforço à guarnição normal dos estados ultramarinos, daí seguiu a COMPANHIA DE CAÇADORES Nº 4242/72 , tendo embarcado em Lisboa, a bordo dos aviões dos TAM, a 28NOV.72 e tendo regressado a 21OUT.74, e assim constituida:

Cap. Mil. Art. Manuel Augusto Moreira Nunes

Alf. Mil. Inf. Adérito Ferreira Soares Roxo

Alf. Mil. Inf. José Jacinto Moreira da Costa

Alf. Mil. Inf. Avelino António Fernandes

Alf. Mil. Med. Francisco José Viana Ganhão

Alf. Mil. Inf. Manuel dos Santos da Silva

1º Sarg. Inf. Heitor Martins

2º Sarg. Inf. Firmino José de Castro

Fur. Mil. Trans. Alberto António Ventura Paixão

Fur. Mil. Sm. Jaime Saramago Leite

Fur. Mil. Sam. Carlos Alberto Carvalho de Almeida

Fur. Mil. Enf. Luis António dos Santos Simão

Fur. Mil. Op. Esp. António Gastão Carvalho Costa

Fur. Mil. Arm. Pes. Milton Augusto da Conceição Mota

Fur. Mil. Inf. Manuel Cesário de Almeida

Fur. Mil. Inf. João Alves Dias

Fur. Mil. Inf. Amilcar Coelho Ventura

Fur. Mil. Inf. António Silveira Nunes

Fur. Mil. Inf. Osvaldo manuel Melo Borges

Fur. Mil. Inf. João teixeira Macedo

Fur. Mil. Inf. Jorge Vilar Fernandes Azevedo

Fur. Mil. Inf. António Manuel Fonseca Pinto da Silva

Fur. Mil. Inf. Miguel Medeiros Simas

Fur. Mil. Inf. Fernando Jorge Carlos Macedo

Fur. Mil. Inf. Mário Pinto Veiga

Fur. Mil. José Alberto da Silva Andrade

1º Cabo João Paulo Freitas Antunes

1º Cabo José da Silva Oliveira

1º Cabo José Maria Pinto Moreira

1º Cabo Joaquim Manuel Duarte Cardoso

1º Cabo José dos Santos Batista

1º Cabo Carlos José Faria Teixeira

1º Cabo Fernando Amaral da Costa

1º Cabo José Bastos Teixeira

1º Cabo António da Costa Oliveira

1º Cabo José Alberto Nicola Magalhães

1º Cabo Jorge Manuel Henriques Figueiredo

1º Cabo Carlos Alberto Cardoso da Silva

1º Cabo Manuel Agostinho Jorge

1º Cabo Luis Filipe Mesquita Monteiro

1º Cabo Jorge Fernando de Sousa Figueiredo

1º Cabo Joaquim António Marques dos Santos

1º Cabo António José Paulo Rato

1º CaboJosé da Silva Ribeiro Gordinho

1º Cabo António Joaquim Tavares Vigário

1º Cabo Helder da Costa Ferreira

Sold. Jorge de Almeida Ferreira

Sold. Manuel Victor Pais de Matos

Sold. António João dos Santos

Sold. António Manuel Madeira Cruz

Sold. Luis Manuel Cabrita Martins

Sold. Joaquim Maria Corrente Cebola

Sold. José Fernandes Rodrigues da Silva

Sold. Carlos Alberto Ferreira da Silva

Sold. Alberto Fernandes de Oliveira

Sold. Manuel Augusto Pinto

Sold. Adão de Oliveira Braga

Sold. Carlos António Pereira Taveira

Sold. José Luis Barroso Leite

Sold. António Jorge de Aguiar

Sold. Manuel dos Santos Oliveira

Sold. José da Mota Martins Correia

Sold. Sebastião Amável Amado

Sold. António Martins da Costa

Sold. Joaquim Nogueira Capelas

Sold. Alberto dos Anjos Alves

Sold. José Rogério Ceboleiro da Silva Nuno

Sold. básico Rogério Ribeiro Figueiras

Sold. Floriano Martins Monteiro

Sold. Francisco Nunes Pires

Sold. Fernando Fonseca Reis

Sold. João Manuel Pacheco Raposo

Sold. António da Silva Barcelos

A Companhia de Caçadores 4242 não vinha completa. Os seus pelotões apresentavam-se muito reduzidos. Contudo, o seu efectivo foi aumentado a 17 DEZ.72; vindos do CI Namialo as seguintes praças:

Sold. José Lobato João

Sold. Gabriel Mepina

Sold. Victor Varine

Sold. Anselmo Lucas Amir

Sold. Pio Simão

Sold. Ernesto Echaco

Sold. Gaspar Mulessima

Sold. Rufino Amanze

Sold. Daniel Macaca

Sold. Castana Braimo

Sold. Henrique Muruha

Sold. Carlos Manuel

Sold. Custódio Simba

Sold. Orlando Mupualaha

Sold. Manuel Ernesto Mulelo

Sold. Assane Mucussiba

Sold. Sotana Abdala
"In História da Companhia"

domingo, 22 de abril de 2007

Asphodelus Bentus Rainhae - sabe o que é?

Asphodelus Bentus Rainhae - é uma planta única no mundo, existente apenas na Serra da Gardunha, com a cidade do Fundão logo ali ao lado. Foto captada no local, no mês de Abril de 2007, pelo director deste blogue. Este era escoltado pelos amigos José Valério e José Carrolo, fundanenses de gema...

quinta-feira, 22 de março de 2007

Não sou mártir nem herói

O silêncio que invade a cabine do velho jipe Land Rover é interrompido pelo estrondo forte de uma explosão. Em segundos, o tejadilho desaparece, os vidros estilhaçam e um fumo espesso toma conta do interior da viatura. Segue-se uma saraivada de metralhadoras. João Coelho Baptista, padre Missionário da Consolata (IMC), atira-se para fora do carro. Tem ferimentos de bala nas duas pernas, duas costelas partidas e um tímpano estoirado pelo ruído do rebentamento. A seu lado, quatro dos acompanhantes - o Salomão, o Aleixo, o Victor e o Artur - agonizam de dor.

João Baptista espreita por debaixo do veículo e vê os agressores, do outro lado da estrada em terra batida. Estão a menos de cinco metros. Em desespero, ajoelha-se, levanta os braços e grita: «Sou padre, sou o padre missionário». As armas calam-se. Os soldados, afetos à Renamo, pedem desculpa e desaparecem no mato, sem tocar nos bens do sacerdote. Horas depois, regressam a mando dos superiores e levam o missionário para um acampamento improvisado, para tratar os ferimentos. Para trás deixam os cadáveres de quatro homens que o acompanhavam.

O ataque ocorreu a 1 de março de 1992, na estrada que liga Massangulo a Mandimba, diocese de Lichinga, e está contado pelo sobrevivente, num registo quase fotográfico, no livro «Sangue que a terra bebeu». O padre português, natural de São Julião do Tojal, Loures, esteve 30 dias em cativeiro, até ser entregue à Cruz Vermelha e ao representante da Delegação Apostólica do Maputo, como se fosse um prisioneiro de guerra.

Passaram 20 anos e João Baptista ainda guarda a pequena bolsa preta do breviário, furada pelas balas, a camisola castanha, esburacada pela explosão, as calças rasgadas e alguns invólucros recolhidos no local da tragédia. Mas esquiva-se a mais conversas sobre o acontecimento. E explica porquê, com a humildade desarmante que o caracteriza: «Eu não sou mártir nem herói».

O padre João, hoje com 79 anos, entrou no seminário da Consolata, em Fátima, a 18 de outubro de 1951. «Queria ser padre e celebrar missa». Muito antes de entrar no seminário, «já sonhava que em África havia de abrir escolas». O sonho concretizou-se. «Sozinho, sem casa, sem carro e sem Igreja», no final da década de 60 do século passado, foi enviado para Belém e Mandimba, em Moçambique, para abrir novas paróquias, prestar assistência religiosa a dois quarteis militares, lecionar na escola primária e acompanhar 16 escolas-capelas rurais. Em dois anos, conseguiu erguer a residência, uma capela e deixar as fundações de uma nova Igreja. Regressou, 18 anos depois, para uma nova empreitada em Mitande, Mandimba, Massangulo e Mwita. Agora, continua a sua missão em Fátima.
http://www.fatimamissionaria.pt/artigo.php?cod=22813&sec=73

sábado, 17 de março de 2007

O caso dos Padres da Beira

"D. Eurico Dias Nogueira teve vários contactos com dirigentes da Frelimo e designadamente com Sebastião Mabote, um dos míticos chefes da guerrilha e que viria a ser vice-ministro da Defesa.
Um desses contactos é documentado num relatório da PIDE, de 14 de Outubro de 1968, com o título «O Prelado da Diocese de Vila Cabral perante a Frelimo». Da autoria da delegação de Moçambique e com a classificação de A-1 (máxima fidedignidade), foi dado a conhecer ao novo Presidente do Conselho, Marcello Caetano, bem como aos ministros do Ultramar (Silva Cunha) e Defesa (general Sá Viana Rebelo).
Diz o relatório que, a 1 de Abril, no decorrer de um ataque à base da Frelimo na província do Niassa, «foram encontrados e capturados vários documentos», entre eles uma carta dirigida a um tal «BX», que a polícia tem como certo tratar-se de D. Eurico.
Procurando aprofundar esta pista, a PIDE indagou junto de um «destacado terrorista da Frelimo, Subchefe do Sector ou Zona B – Distrito de Mandimba, com sede na Base Catur». O relatório não esclarece os meios utilizados para a obtenção das informações - apenas faz o relato daquele dirigente. Assim, e a fazer fé neste relato, o bispo «vem mantendo contactos directos com chefes da Frelimo» desde 1966. Nesse ano, o prelado «teve um encontro em Vila Cabral com o então Chefe da Base de Instrução de Chala, de nome Horácio Nunes, natural da Zambézia. Tal encontro foi comunicado ao Sebastião Mabote», chefe operacional do Niassa, «que mandou uma carta» a D. Eurico através do mesmo Horácio Nunes.
A PIDE nada adianta sobre o conteúdo da carta de Mabote, que, após a independência de Moçambique, em 1975, viria a ocupar os cargos de vice-ministro da Defesa e Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. No entanto, é provável que seja a carta que viria a ser publicada em 1995 por D. Eurico no seu livro de memórias «Episódios da Minha Missão em África» (págs. 81 e 82). Vale a pena citar na íntegra: «Desde há tempos que desejo ter uma conversa pacífica com você», escreve Mabote. «Mas não tenho conseguido, porque a tropa fascista, colonialista e imperialista de Salazar não nos permite tranquilidade nessa sua área. Mas se você indicar uma base de segurança, eu enviarei um emissário para combinar o encontro. Entretanto, para prova do seu espírito internacionalista, mande pelo portador um garrafão de cinco litros de vinho, para festejarmos o próximo aniversário do início da nossa luta.»"
site de Dornelas do Zêzere


quinta-feira, 15 de março de 2007

EMBOSCADA EM CAMPANAS (Já lá vão alguns anos)

HÁ DOIS ANOS FIZ AQUI
UM RELATÓRIO FINAL
NO FIM DUM GOLPE DE MÃO
QUE NÃO CORREU NADA MAL…

PARA ISSO TEM QUE ESTAR
A COMPANHIA BEM TREINADA
E TER BONS INFORMADORES
QUE NÃO DEIXEM ´SCAPAR NADA

MAS NÓS TEMOS UM ESPIÃO
QUE ESTANDO SEMPRE A DORMIR
NOS MOMENTOS CRUCIAIS
CONSEGUIA DISCERNIR!...

VEJAM SE O MILTON MOTA
NÃO DISSE “RAPAZIADA”
QUE ESTE ANO TAMBÉM
IA HAVER UMA EMBOSCADA…

NOVAMENTE OS PELOTÕES
CORRERAM P´RA FORMATURA
E FICANDO A INCUMBÊNCIA
DO RELATÓRIO AO VENTURA.

FI-LO NUMA CONDIÇÃO
COMBINEI COM OS PRESENTES
DIZIMAR O INIMIGO
NEM QUE SEJA COM OS DENTES…

ARRANCARAM-LHE OS BIGODES
E CHUPARAM-LHE A CABEÇA
DEPOIS CHAMARAM A SELENE
PARA TIRAR A TRAVESSA

MAS EIS QUE VINDO DE FORA
OUTRO TURRA CALMEIRÃO
INDA VINHA A FUMEGAR
MAIS PARECENDO UM LEITÃO…

O PESSOAL INCONFORMADO
EXPERIENTE, COMO CONVÉM,
NÃO TEVE CONTEMPLAÇÕES
DEU CABO DELE…TAMBÉM.

CUIDADO, QUE ANDA AÍ UM
DE NOME COLESTEROL
PERIGOSO E TRAIÇOEIRO
ENFURECE C´O TINTOL

TEMOS DE ´STAR VIGILANTES
NÃO O DEIXAR AVANÇAR
ELE ATACA AS “BARRIGUINHAS”
NÃO O DEIXEM ABUSAR…

FINALMENTE COM SAUDADE
LEMBREMOS O FEVEREIRO
JÁ NÃO ESTÁ …INFELIZMENTE
MAS ERA SEMPRE O PRIMEIRO.
Ventura

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Repúdio ao comunismo

A maré legislativa repressiva do Estado Novo culminou numa lei de 1936 que mandava os funcionários públicos assinar uma declaração de repúdio ao Comunismo, medida que abrangia também os professores primários. Estes iriam ser objecto de interferências na sua vida pessoal e profissional. Foram desta época as mais duras imposições do regime, na área do ensino e educação, como sejam a criação da Mocidade Portuguesa, o famigerado exame da 3ª classe e o encerramento das Escolas do Magistério.
Outra determinação oficial de Novembro de 1936 proibia as professoras primárias de casar sem autorização do Ministro da Educação. Segundo Salvado Sampaio, 1976:41 (vol. II), “…nega-se às professoras a livre escolha do cônjuge. (…). A negação da liberdade da escolha do cônjuge não nos parece conciliável com a usufruição da maturidade necessária ao exercício da docência. A aplicação deste preceito implica situações dolorosas.”
O mesmo decreto estabelece ainda que “Será demitido o funcionário pertencente aos serviços do ensino primário que dê escândalo público permanente ou assuma atitude contrária à ordem social estabelecida pela Constituição Política de 1933”.
Salazar advertira: “Eu tenho os olhos abertos e pulso firme”. O Ministro da Educação afirma em 1937: “De ora em diante não haverá nas escolas portuguesas nem um professor nem um aluno comunista.”
A Escola Portuguesa - semanário oficial do Estado Novo – Direcção Geral do Ensino Primário (DGEP), criada em Outubro de 1934, começou a publicar semanalmente lições-modelo e instruções destinadas aos professores. Esta revista era distribuída a todas as escolas e caracterizava-se pelo combate à escola neutra do ponto de vista religioso e ideológico. “Acaso tu, leitor, és daqueles que contemplam a renovação da Escola como obra dos teus anseios? (…) Julgas-te cooperador dos teus superiores, dos teus dirigentes, na Revolução Nacional? Nesse caso não serás do reviralho. Mas (…) se te seduzem outras vozes que não sejam as daqueles a quem está confiado o dever de te guiarem; (…) se desejarias poder ensinar o que quisesses e como quisesses; (…) nesse caso, dir-te-ei que não és dos nossos, ainda mesmo que fales do 28 de Maio ou cantes hossanas a Salazar”.
As autoridades escolares reprovavam “a exibição escandalosa de pinturas faciais” às professoras primárias. Estas viram os seus dois meses de baixa por maternidade reduzidos para 23 dias (8 antes e 15 depois do parto). Assegurar o bem-estar social não pertencia às funções do Estado, segundo a ortodoxia salazarista.
O controlo sobre o que vestem, o que pensam, com quem convivem os professores é o culminar de uma interferência profunda nos conteúdos ideológicos do ensino primário. Contraditórias eram as chamadas de atenção do Ministro da Educação para aspectos tão pessoais quanto a compostura e trajes das professoras: “Não são autorizadas pinturas algumas às professoras, designadamente às que, pelo convívio com as futuras professoras, devem servir-lhes de modelo” .
A ideologia substitui radicalmente a pedagogia.
A vida dos professores primários tornou-se cada vez mais difícil. Os ordenados eram baixos, os benefícios de natureza social praticamente não existiam. Os deveres sim. Os professores primários foram compelidos por lei a desempenhar graciosamente duas funções: as de juiz de paz e de secretário da junta de Freguesia.
O Estado Novo repetidamente avisava os professores de que não lhes cabia regenerar o Mundo, mas apenas manter a disciplina na Escola, ensinar a boa moral e ajudar o Estado Novo.
Artigo da autoria do director deste blogue

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Relatório de acção em Belém [Mitande] - Mandimba

“24 JAN. 1974 – Saiu desta C. Caç., pelas 4 horas, um grupo de combate em direcção ao Destacamento de Belém [Mitande], juntando-se ao outro grupo de combate. Seguimos de viatura até ao aldeamento Juma onde nos esperava um grupo de guardas rurais e população armada. Seguimos em direcção ao rio Lugenda onde chegámos pela 13 horas. Depois das precauções necessárias, uma parte da força militar atravessou a vau o dito rio. Seguidamente, procedeu-se à busca de quaisquer vestígios ou material deixado pelo inimigo, pois um grupo da Frelimo tinha acampado nesse local, no dia anterior. Depois de um militar ter encontrado um pente de munições de Kalashnikov e uma granada de mão defensiva, o soldado Fernandes accionou uma armadilha, tendo-lhe causado ferimentos provocados por estilhaços, atingindo ainda o alferes Salvador [Dest. Belém] e dois guardas rurais. Imediatamente e enquanto se prestavam os primeiros socorros, entramos em contacto, via rádio, com a C. Caç. 4242, que logo pediu a evacuação para os feridos. Seguidamente improvisaram-se duas macas com “ponches” e ramos de árvores, a fim de transportar os feridos para a outra margem. Os guardas rurais não necessitaram de macas, pois não apresentavam ferimentos nas pernas. Esperámos pelo héli enquanto comunicávamos com a C. Caç. 4242. Decorreram 2 horas até que o héli apareceu subindo ao longo do rio, mas a uma grande distância. Antes de chegar ao local que sinalizáramos para a sua descida, o héli abandonou o curso do rio dirigindo-se, provavelmente para Vila Cabral [Lichinga], abortando a evacuação. Não se notou qualquer tentativa da parte da tripulação do héli para nos detectar. O facto foi comunicado à C. Caç. 4242. Por ordem do comandante desta, permanecemos mais 1 hora, pois o mesmo iria tentar entrar novamente em contacto com o héli, de modo a poder evacuar os feridos. Cerca das 17 horas pedi autorização para podermos regressar à picada, pois adivinhava-se que o héli não voltasse nesse dia e os feridos precisavam de socorros.
Imediatamente nos foi concedida autorização e informaram-nos que uma viatura Berliet sairia do quartel em Mandimba com o médico. Começámos, então, o caminho do regresso, transportando o alferes Salvador e o soldado Fernandes, às costas, chegando à picada por volta das 22 horas, após uma caminhada fatigante. Iniciámos a coluna para Belém onde nos esperava um táxi aéreo, previamente fretado. A evacuação processou-se por volta das 1 hora da madrugada seguinte, regressando nós a Mandimba pelas 3,30 horas."
In história da Companhia de Caçadores 4242/72

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Guerra subterrânea - Minas


As Minas foram as mais temidas de todas as armas que os nossos militares enfrentaram nos três teatros de operações. Utilizadas de forma isolada, ou conjugadas com emboscadas, limitaram fortemente a mobilidade das forças portuguesas em acções tácticas e logísticas, apeadas ou em viatura, sendo também responsáveis por atrasos nos reabastecimentos, por destruições em veículos e, acima de tudo, por elevada percentagem de baixas.
Embora a estatística não esteja feita, amostragens dos três teatros de operações permitem considerar que, no mínimo, 50 por cento das baixas portuguesas (mortos e feridos) foram provocadas por engenhos explosivos. Um tipo de guerra altamente compensador para os movimentos de libertação, cujos objectivos eram apresentados do seguinte modo, nos apontamentos de um curso frequentado na Argélia por quadros do PAIGC: «Realiza-se a guerra de destruição e de minas para fazer obstáculo atrás dos inimigos, para aniquilar as suas armas, modernas, ameaçá-los e paralisá-los.»
Contudo a utilização das minas na guerra não foi exclusivo dos guerrilheiros, pois as forças portuguesas também fizeram largo emprego delas e de outros engenhos explosivos, usando-os na defesa das suas instalações, para proteger as tropas em operações e para provocar baixas, mas, ao contrário dos guerrilheiros, recorreram maioritariamente às minas anti-pessoais e às armadilhas com granada explosiva de fragmentação e rebentamento instantâneo, detonada através de arame de tropeçar. Por parte dos movimentos de libertação, além das minas anti-carros foram também utilizados «fornilhos», quase sempre constituídos por granadas de mão, de morteiro e de artilharia, não rebentadas, e bombas de avião conjugadas com explosivos e accionadas por mecanismo de explosão - detonador eléctrico ou pirotécnico. Os «tomilhos» eram colocados nos itinerários e conjugavam o efeito das minas anti-carros com as minas anti-pessoais.
(…)
Em Moçambique, o aparecimento de engenhos explosivos ocorreu em 29 de Maio de 1965, em Nova Coimbra, no Niassa, e em 4 Julho, em Nancatari, Cabo Delgado, enquanto a primeira mina anti-pessoal
(A/P) surge em 14 de Junho, em Cobué (Niassa), e a primeira anti-carro (AlC) em 10 de Outubro, em Sagal (Cabo Delgado), na estrada Mueda-Mocímboa da Praia.
Ao longo dos anos da guerra, a utilização de minas por parte dos guerrilheiros nos três teatros de operações teve a máxima expressão em Moçambique. Primeiro nas zonas do Niassa e de Cabo Delgado/Mueda e, posteriormente, na de Tete/Cahora Bassa. Moçambique reunia as condições ideais para a utilização deste tipo de arma por parte da Frelimo, pois as vias de comunicação indispensáveis às forças portuguesas eram extensas e más, não existindo nas zonas de guerra estradas alcatroadas.
Por seu lado, os guerrilheiros dispunham da vantagem de as acções bélicas se desenrolarem relativamente próximo das suas bases logísticas, o que facilitava o transporte do grande volume de cargas que a guerra de minas exige. Não admira pois, que em Moçambique os principais itinerários de reabastecimento das forças portuguesas se tenham transformado em verdadeiros campos minados.
No início dos anos 70, o percurso de cerca de 200 quilómetros entre Mueda e Mocímboa da Praia, chegou a demorar 11 dias, quando habitualmente era percorrido entre quatro a seis horas, e num só quilómetro de estrada encontraram-se, frequentes vezes, mais de 70 minas!
No Niassa, nas estradas que irradiam de Vila Cabral para para Metangula, Nova Viseu ou Tenente Valadim, as minas, associadas à quase inexistência de vias, ao clima chuvoso e ao terreno ravinado, junto ao lago transformaram os movimentos necessários à sobrevivência das tropas e ao seu emprego em combate em operações de grande duração e desgaste, que esgotavam só por si as suas capacidades e lhes retiravam a iniciativa
É ainda em Moçambique que se regista o maior emprego de minas por parte das forças portuguesas. O general Kaulza de Arriaga, em carta ao ministro da Defesa, Sá Viana Rebelo, em 29 de Janeiro de 1973, solicitou o fornecimento de 150 000 minas anti-pessoais para Cahora Bassa e um milhão para interdição da fronteira norte, junto ao rio Rovuma.
Num ponto de situação feito ao comandante-chefe, em Vila Cabral, foi referido que na zona do Niassa, em 1972, os guerrilheiros haviam realizado 412 acções, das quais 223 foram colocação de engenhos explosivos (54 por cento do total). Destas, 78 foram accionados pelas forças portuguesas, que sofreram 43 mortos, 51 feridos graves e 151 feridos ligeiros(…)

http://www.guerracolonial.org