“24 JAN. 1974 – Saiu desta C. Caç., pelas 4 horas, um grupo de combate em direcção ao Destacamento de Belém [Mitande], juntando-se ao outro grupo de combate. Seguimos de viatura até ao aldeamento Juma onde nos esperava um grupo de guardas rurais e população armada. Seguimos em direcção ao rio Lugenda onde chegámos pela 13 horas. Depois das precauções necessárias, uma parte da força militar atravessou a vau o dito rio. Seguidamente, procedeu-se à busca de quaisquer vestígios ou material deixado pelo inimigo, pois um grupo da Frelimo tinha acampado nesse local, no dia anterior. Depois de um militar ter encontrado um pente de munições de Kalashnikov e uma granada de mão defensiva, o soldado Fernandes accionou uma armadilha, tendo-lhe causado ferimentos provocados por estilhaços, atingindo ainda o alferes Salvador [Dest. Belém] e dois guardas rurais. Imediatamente e enquanto se prestavam os primeiros socorros, entramos em contacto, via rádio, com a C. Caç. 4242, que logo pediu a evacuação para os feridos. Seguidamente improvisaram-se duas macas com “ponches” e ramos de árvores, a fim de transportar os feridos para a outra margem. Os guardas rurais não necessitaram de macas, pois não apresentavam ferimentos nas pernas. Esperámos pelo héli enquanto comunicávamos com a C. Caç. 4242. Decorreram 2 horas até que o héli apareceu subindo ao longo do rio, mas a uma grande distância. Antes de chegar ao local que sinalizáramos para a sua descida, o héli abandonou o curso do rio dirigindo-se, provavelmente para Vila Cabral [Lichinga], abortando a evacuação. Não se notou qualquer tentativa da parte da tripulação do héli para nos detectar. O facto foi comunicado à C. Caç. 4242. Por ordem do comandante desta, permanecemos mais 1 hora, pois o mesmo iria tentar entrar novamente em contacto com o héli, de modo a poder evacuar os feridos. Cerca das 17 horas pedi autorização para podermos regressar à picada, pois adivinhava-se que o héli não voltasse nesse dia e os feridos precisavam de socorros.
Imediatamente nos foi concedida autorização e informaram-nos que uma viatura Berliet sairia do quartel em Mandimba com o médico. Começámos, então, o caminho do regresso, transportando o alferes Salvador e o soldado Fernandes, às costas, chegando à picada por volta das 22 horas, após uma caminhada fatigante. Iniciámos a coluna para Belém onde nos esperava um táxi aéreo, previamente fretado. A evacuação processou-se por volta das 1 hora da madrugada seguinte, regressando nós a Mandimba pelas 3,30 horas."
In história da Companhia de Caçadores 4242/72
Sem comentários:
Enviar um comentário