sábado, 11 de agosto de 2012

Não sou mártir nem herói

O silêncio que invade a cabine do velho jipe Land Rover é interrompido pelo estrondo forte de uma explosão. Em segundos, o tejadilho desaparece, os vidros estilhaçam e um fumo espesso toma conta do interior da viatura. Segue-se uma saraivada de metralhadoras.
O ataque ocorreu (...) na estrada que liga Massangulo a Mandimba, diocese de Lichinga, e está contado pelo sobrevivente, num registo quase fotográfico, no livro «Sangue que a terra bebeu».(...) No final da década de 60 do século passado, foi enviado para Belém e Mandimba, em Moçambique, para abrir novas paróquias, prestar assistência religiosa a dois quarteis militares, lecionar na escola primária e acompanhar 16 escolas-capelas rurais. Em dois anos, conseguiu erguer a residência, uma capela e deixar as fundações de uma nova Igreja. Regressou, 18 anos depois, para uma nova empreitada em Mitande, Mandimba, Massangulo e Mwita (...)

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domingo, 5 de agosto de 2012

Cu de Judas

Kaúlza lança a operação Fronteira, a construção em Nangade, junto ao Rovuma, na fronteira com a Tanzânia, de uma vila com todos os requisitos da “vida moderna” (incluindo circuito interno de TV), a ligar ao Índico por estrada asfaltada. Nangade fica no meio de coisa nenhuma, num daqueles sítios de exílio interior a que os soldados portugueses se habituaram a chamar “cu de Judas”. O megalómano projecto de Kaúlza consistia em criar uma obra modelo que sirva de padrão a outros aldeamentos moçambicanos e atraia a população conquistada pela Frelimo. (…) A nova Nangade nunca será construída, ficando entregue à voracidade da selva, como um insólito monumento aos improváveis sonhos do comandante-chefe de Moçambique (…).
Os Anos da Guerra – João de Melo – Círculo de Leitores, pag. 18