terça-feira, 28 de julho de 2015

22 AGOSTO - CONVÍVIO NA COVILHÃ - MENSAGEM DO SIMAS

Atenção Companhia! Firme. Sentido.

Caros companheiros de armas,
As minhas melhores saudações.
Depois das recentes baixas dos Companheiros Castro e Moreira da Costa na mesma operação (ao mesmo tempo) eu e a minha companheira Ana sentimos um impulso ainda maior para atravessarmos o Atlântico e depois o Continente, para nos encontrarmos com os que ainda restam e seus familiares da nossa CCAÇ 4242, nas encostas da Serra da Estrela que, não sendo a mais alta de Portugal, muito bem aconchega a cidade da Covilhã outrora a capital dos lanifícios.
Sendo este motivo mais que suficiente ainda por cima o “embate” realizar-se-á no “Zé do Sporting” restaurante que já tive o prazer de conhecer aquando de uma anterior deslocação com o Santa Clara.
Sendo eu vermelho por dentro e por fora, (pois que, contrariamente ao que muitos estariam a pensar, sou do Santa Clara), muito gozo me dá jogar em casa do adversário.
Belos presuntos acompanhados de boa pinga.
Vamos todos …  mas todos à Covilhã.
Esqueçamo-nos do Passos de Coelho e Cª. por um dia.
Um abraço a todos e… até lá.
Miguel M. Simas.

PS – Em anexo, para que não haja confusões, cópia das passagens minha e da Ana pelo que, desde já agradecia a nossa inscrição no repasto do corpo e da alma.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Demonstração de amizade

É nos cenários de guerra que aparecem as maiores demonstrações de amizade segundo os livros.
  Eu também tive um camarada que um belo dia em terras de Mandimba (Moçambique) demonstrou essa amizade, e vou passar a contar.
  Decorria o ano de 1973, do século passado, e eu, não sei porquê, já não falava para o Silva (Furriel) há perto de dois meses, quando eu resolvo ir dar uma volta pela povoação ao anoitecer mas sozinho; pego numa caçadeira  de 5 tiros e saio do quartel sem informar quem quer que fosse, pois a previsão era de estar pouco tempo fora do quartel, mas houve alteração de planos e fiquei toda a noite fora, procedimento que não era permitido por segurança.

Por do sol em Mandimba. Foto
 do álbum do nosso director
   A noite foi passando e o Silva lá ia perguntando pelo Mota aos furriéis que estavam na messe "então o Mota já apareceu?" O pessoal nada respondia; as cartas e as cervejas naqueles momentos ocupavam as suas cabeças, mas o Silva não desarmou e - segundo dizem - mal dormiu. A preocupação dele era tal que mal apareceram os primeiros raios de luz da manhã, prepara uma secção para ir à minha procura, mas não sabendo por onde começar.
   Entretanto chego ao quartel e vejo o Silva já na porta de armas preparado para sair, e verifico que todos ficam muito calados a olhar para mim, como não falava para o Silva não liguei, quando ele me dirige a palavra e me informa que ia à minha procura.
    Parei, meditei, e lá fomos para a messe tomar o pequeno almoço. Claro que nesse dia não se falou noutra coisa; primeiro porque queriam saber onde estive, segundo a contar-me a preocupação do Silva, pois a versão dele era que me tinham raptado.
     E assim se fazem amizades para o resto da vida!

        Um abraço a toda a família da CCAÇ 4242.
Até breve
MOTA

sexta-feira, 10 de julho de 2015

O valor das coisas, diz o Mota

O valor das coisas.
  Ao falar em Lissiete lembra-me quando cheguei ao quartel de Mandimba, precisamente no início  de Setembro de 1973, depois de um mês de férias em Portugal. Um mês bem comido e melhor bebido. Quando o nosso saudoso 2.º sargento Castro me vê regressar e diz "Motinha - agora que já não está entre nós quem me vai chamar de Motinha ?!...- anda receber que estamos a pagar os ordenados"; lá  fui e além do ordenado também recebi o subsídio de férias que deu a módica quantia de aproximadamente 8 contos - muito dinheiro ao tempo, o equivalente aos actuais 40 euros.
Foto do álbum do Silva que
mora em Espariz, Tábua
    Meti o dinheiro no bolso e dirijo-me para o quarto quando me aparece pela frente o nosso capitão Nunes: "Mota, o teu grupo (GEs) está para sair para a Serra Lissiette, era melhor também ires, a informação da PIDE é que há grupos IN na zona."
 Foi pegar na G3 e pouco mais, e lá fui, só que para onde fui não havia água, pois estávamos na época seca, e aqui começa a História: água nem vê-la mas havia 8 contos no bolso, que fazer com 8 contos? Naquela hora quanto dava por uma cerveja? 8 contos! Mas como não havia cerveja, limitei-me, passadas muitas horas, a beber água das poças das pegadas dos elefantes com muitos bichinhos a rabear.
  Claro que quando cheguei ao quartel não gastei os 8 contos em cerveja, mas para matar aquela bicharada que ainda andava a rabear no estômago lá bebi a quantia devida (receita do furriel Simão enfermeiro: 10 cervejas) e muitos Whiskies.
  Moral da história: no meio da floresta do NIASSA, naquelas terras do fim do mundo,  o dinheiro não valia nada. 

sexta-feira, 3 de julho de 2015

De LISSIETE a NAMICOIO

Extracto de Relatório de Acção
08SET.1973
- Patrulha moto para abertura de itinerário desde Aldeamento de Lissiete até Namicoio.
Havia uma hora que prosseguiam [a equipa de picagem ia à frente] quando a roda traseira do lado esquerdo da Berliet accionou uma mina anticarro, a coordenadas (1404,5-3553) deixando-a imobilizada [a viatura]. Imediatamente montou-se segurança para que os primeiros socorros fossem efectuados.
Apesar do esforço despendido pelo soldado de transmissões, só duas horas mais tarde se conseguiu contactar com a Companhia, dado o canal [rádio] de serviço se encontrar avariado. Como estava a tornar-se demorada a evacuação, o Comandante da força mandou o Furriel Simas mais uns voluntários empreender a caminhada até onde pudessem contactar com a Companhia [via rádio]. Este Grupo encontrou a viatura que tinha partido do Quartel de Mandimba, já perto do Aldeamento Lissiete, ficando no local do rebentamento o Grupo de combate Rato, a fazer a protecção à viatura.
Foto do album do Castro
que mora na Trofa
SOFRIDOS – 5 feridos ligeiros:
- 1º Cabo – 06579772 – José Maria Pinto Moreira
- Soldado – 06510671 – Francisco Alves Ramalho
- Soldado - 75952072 – Carlos Manuel
Evacuado para a Enfermaria do Sector A:
- Soldado 01901172 – Luís Manuel Cabrita Martins
Evacuado para o Hospital Militar de Nampula, em 10SET1973:
-Soldado xx888872–João Arnaldo de Jesus Resende.”
(Da História da Companhia de Caçadores 4242)