sexta-feira, 10 de julho de 2015

O valor das coisas, diz o Mota

O valor das coisas.
  Ao falar em Lissiete lembra-me quando cheguei ao quartel de Mandimba, precisamente no início  de Setembro de 1973, depois de um mês de férias em Portugal. Um mês bem comido e melhor bebido. Quando o nosso saudoso 2.º sargento Castro me vê regressar e diz "Motinha - agora que já não está entre nós quem me vai chamar de Motinha ?!...- anda receber que estamos a pagar os ordenados"; lá  fui e além do ordenado também recebi o subsídio de férias que deu a módica quantia de aproximadamente 8 contos - muito dinheiro ao tempo, o equivalente aos actuais 40 euros.
Foto do álbum do Silva que
mora em Espariz, Tábua
    Meti o dinheiro no bolso e dirijo-me para o quarto quando me aparece pela frente o nosso capitão Nunes: "Mota, o teu grupo (GEs) está para sair para a Serra Lissiette, era melhor também ires, a informação da PIDE é que há grupos IN na zona."
 Foi pegar na G3 e pouco mais, e lá fui, só que para onde fui não havia água, pois estávamos na época seca, e aqui começa a História: água nem vê-la mas havia 8 contos no bolso, que fazer com 8 contos? Naquela hora quanto dava por uma cerveja? 8 contos! Mas como não havia cerveja, limitei-me, passadas muitas horas, a beber água das poças das pegadas dos elefantes com muitos bichinhos a rabear.
  Claro que quando cheguei ao quartel não gastei os 8 contos em cerveja, mas para matar aquela bicharada que ainda andava a rabear no estômago lá bebi a quantia devida (receita do furriel Simão enfermeiro: 10 cervejas) e muitos Whiskies.
  Moral da história: no meio da floresta do NIASSA, naquelas terras do fim do mundo,  o dinheiro não valia nada. 

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