quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

OPERAÇÃO MACACO

Estamos em Janeiro de 1973; estou a gozar de mais uma manhã daquele clima maravilhoso, devidamente instalado no parrô, de guarda aos morteiros (ah! ah! ah!), aparentemente essa iria ser a minha missão durante todo o tempo que a C. Caç. 4242 estivesse em Mandimba, quando entra pela porta de armas o famoso Ferrão, chefe da Pide local, ao entrar no quartel pouco faltou para levar a cancela da porta de armas em frente, tal era a pressa, com mais uma informação que em tal parte do rio tal estava a passar um grupo inimigo.
Chegada a dita informação ao cap. Nunes e como não tinha mais nenhum grupo de combate no quartel, lá foi o furriel Milton Mota com meia dúzia de soldados para a dita operação.
Chegados ao local, deparo com pegadas que me pareciam de pessoas mas que afinal eram de macacos!...
Seguimos a marcha, quando chegou a hora de almoço e nos preparávamos para abrir aquelas latas de conservas, deparo com alguns dos meus companheiros a tirar as calças!...O que era?... Aquelas famosas formiguinhas que só mordem quando lhes cheira a "tomates".
Então começo a pensar com os meus botões que devido à minha falta de conhecimentos da realidade quem era a selva africana, o melhor era ir para os GE´s porque eles é que conheciam todas as armadilhas da Natureza daquelas terras, tais como cobras, escorpiões, onde não havia água, etc.
Macacadas do Mota
E assim acabou o meu descanso de guardar os morteiros e lá segui para o Dondo onde estive 2 meses, voltando para junto dos meus camaradas e amigos da C. Caç. 4242.
Um abraço para todos.
Milton Mota

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Coisas simples aos domingos

29 SET.1973 - Hoje, domingo, recebi o Século Ilustrado. O Sol varreu as nuvens da noite e resplandece nos telhados de zinco das casernas e até o mastro da Bandeira parece mais alto. À porta de armas surge um unimog com lotação esgotada. São GEs que vão iniciar uma operação sob as ordens do furriel Milton que, com abnegação, comandará a operação.
Surgem o Vigário com um papel na mão - o Veiga viria mais tarde para este planalto do Niassa. O Carrola manda o corneteiro tocar qualquer coisa a que ninguém liga. O Rato providencia as viaturas. O Paixão fala fala numa linguagem cifrada "sitrep", o Silva ralha com o capitão, este com o "Checa", o macaquito salta para o telhado de zinco...Outros militares juntam-se na parada: Ferreira, Teixeira, Azevedo, Cerqueira, Fernandes, Macedo I e II, José João, Meira, Padeiro, Fevereiro, Roxo, Belé, L. Marques, Baião...
...E vamos passando o (outro) tempo livre a ler e com algumas patuscadas. Somos um grupo diversificado e porreiro. Dois companheiros furriéis são dos Açores - gente boa. O sargento trouxe de Chaves um presunto e estivemos a tratar da operação. No próximo mês parte um furriel de férias para Lisboa e vai casar-se.
É este o  nosso dia a dia, para não falar em coisas tristes de guerra.
Diário de um militar da C. Caç. 4242

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Acção em Nova Santarém

22 JAN 1974 – O Posto Administrativo de Belém informou a C. Caç. 4242 que, pelas 17,30 h do dia 21, passou grupo inimigo, na região coordenadas (1351.3556), estimado em 12 elementos na direcção W.E.
Por vestígios deixados na estrada Belém–Nova Santarém, presume-se que transportavam volumes pesados e que seguiam em direcção ao Monte Chondé.
Um grupo de combate da C. Caç. 4242 e outro grupo de combate do destacamento de Belém, com Guardas Rurais e população armada perseguem pelo rasto o referido grupo inimigo.
Um grupo de Guardas Rurais e população armada perseguiam o inimigo e já fora da nossa zona de intervenção informaram as nossas tropas terem abatido um elemento inimigo, após troca de tiros na região de Nova Santarém. Foi capturada uma granada de mão defensiva. Na refrega o inimigo feriu um elemento da população de Conguer.
In História da C. Caç. 4242