sexta-feira, 13 de julho de 2012

PLATEIA

Mandimba, 2 de agosto de 1973
Um camarada nosso teve a ideia de enviar o seu nome para a revista “PLATEIA”, pedindo correspondentes. Passadas que foram algumas semanas chegaram cartas em quantidades elevadas que de imediato eram sorvidas por nós. Os remetentes eram diversos: criadas, professoras e estudantes. Algumas apresentavam propostas muito sérias…
Pois o nosso amigo S… recebia dezenas de cartas no dia de chegada do correio. E que fazíamos nós? Resolvemos escrever-lhe umas cartas amorosas como se fôssemos umas moçoilas. Até colocámos selos da metrópole, não descobrindo ele a marosca…
Diário de militar da C. Caç. 4242

terça-feira, 10 de julho de 2012

Sevilhano – o Padeiro – Uma História que Aconteceu

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A História da vida e da morte do soldado Sevilhano [António Cunha Fernandes] conta-se em poucas palavras. Natural de uma aldeia do norte - como a maioria dos militares da companhia -, cedo foi mobilizado para servir no Ultramar. Integrado na C. Caç. 4242 foi direitinho a Mandimba, no Niassa, uma localidade perdida entre Nova Freixo [Cuamba] e Vila Cabral [Lichinga], junto à fronteira com o Malawi e perto do lago Amaramba. Especialdade: padeiro…de noite cozia o pão que cada grupo de combate haveria de levar no dia seguinte para operações no mato. E ainda o pão que os outros colegas militares consumiam no dia-a-dia no quartel. Eram umas boas centenas de pães que diariamente o Sevilhano cozia. O forno localizava-se no quartel de Mandimba, de onde ele nunca saía para o mato em operações, pois o seu mister assim o exigia. Mas naquele mês de Julho de 1974, enquanto os cabecilhas de Lisboa e os cabeças de ar condicionado das regiões militares não resolviam o rumo do cessar-fogo, a sua má sina chegara. Na sua primeira saída do quartel, em destacamento de pelotão para a zona do Munhehere e em missão de padeiro naquele destacamento, uma mina traiçoeira ceifa-lhe a vida, assim como a do cabo Oliveira. Não me sai da cabeça pensar que todas as noites o soldado Sevilhano riscaria no ferro da cama ou na parede da caserna os dias que faltavam para acabar a comissão e cada dia que passava era menos um dia para o regresso a casa. Depois dormia. Mas naquele fatídico dia 15 de Julho de 1974 o sono foi eterno. Equívocos da guerra colonial! Mas a história de guerra do soldado Sevilhano tinha imensos equívocos - sem equívocos não se escreve a história. Se ele pudesse ter riscado tantos dias quantos os dos seus companheiros, apenas seriam necessários 60 dias. E passaria umas semanas em Nampula e outras tantas na Beira aguardando embarque para casa.

sábado, 7 de julho de 2012

VIAGEM A BORDO DOS BOEING DOS TAM



Atenção estúpidos !!!


Vamos lá a apagar as putas das beatas e apertar os cabrões dos cintos.


Todo o sacana que for apanhado de beata nos queixos ou com o filho da puta do cinto desapertado, enquanto o caralho do avião for a subir, já sabe que leva uma porrada!...


Tomem lá atenção a esta merda: se por acaso a gente estiver à rasca com a porra da pressão, há-de cair-vos uma merda duma máscara igual a esta em cima dos cornos.


Outra coisa que vocês devem meter nos cornos é o seguinte: nada de brincadeiras a apalpar o cú aos nossos cabos especialistas; deixem-se dessas merdas, olhem que eles não são nenhumas hospedeiras. Se algum sacana é apanhado a fazer isso já sabe que está fodido!!!


Daqui a bocado vai ser distribuída uma ração a cada gajo. Vamos lá a comer essa merda com cuidado, a ver se não há nenhum urso a atirar com as putas das latas para o chão. Todo o sacana que tiver a sua área suja, há-de limpá-la com a língua.


Entendidos seus filhos da puta???????...
(Panfleto humorístico distribuído no momento de embarque no avião dos TAM que nos haveria de transportar à Metrópole nos idos de Outubro de 1974)