terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Por volta das 5 chegaram a Belém

(…) Por volta das cinco horas chegaram a Belém. Houve a informação de que o comboio passava dali a quinze minutos. Foram tomadas as posições: os GE seguiram à frente da locomotiva, os restantes na carruagem da cauda.
Era uma hora da tarde quando todos se apearam. O grupo de combate “Rato” dividiu-se em quatro secções, pelos pilares da ponte.

Após as precauções tomadas, o grupo “Rato” inspeccionou toda a passagem do rio Luchímua, pelo interior da ponte, nada detectando. O comboio passou e lançou, quilómetros acima, os grupos “Lobo” e “Rato”. O “Gato” avançou pela margem sul do rio. Passados que foram 30 minutos, foi feita uma pausa, tendo o Cancela mandado chamar o guia.
- Temos de ir em direcção aos montes Checulo, mas seguindo a margem do rio Luchímua, ouviste?
Pausa e um olhar expectante do guia, um ex-turra, ao serviço da DGS (Pide).
- Percebeste o que queremos?
Novo silêncio.
- Ò porra, nós queremos ir para os montes Checulo…Estás a compreender?
- Meu alferes – disse o cabo Constantino, um negro de educação europeia – ele não fala português! …Se me permite vou falar com ele em Macua.
- Tenta lá, porque esta merda já me está a cheirar mal.
E o cabo Constantino tentou…
Passados uns momentos:
- Meu alferes, ele não fala Macua mas sim Ajáua! (…).

História extraída de “Cancela Tropa – O Uivo da DGS”
(Escrito por um militar da Companhia de Caçadores 4242, que prestou serviço militar em Mandimba, Niassa, Moçambique, nos anos de 1972/74)