quinta-feira, 24 de novembro de 2016

"Operação Marosca"

(…a tropa especial e alguns elementos da DGS, a secreta do Estado, matam em tempo recorde 400 pessoas. Procuram a base do inimigo, mas encontram aldeias indefesas, apenas com mulheres, crianças e velhos desarmados. Fazem-se experiências. Um soldado abre o ventre de uma mulher grávida e mostra-lhe o sexo do feto. Outros colocam os canos das armas na boca de recém-nascidos, à laia de biberão. E as donzelas, depois de satisfazerem o ímpeto dos defensores da pátria, são abatidas. Foi apenas mais uma atrocidade praticada pelo exército colonial, mas esta teve parangonas na imprensa estrangeira porque missionários a denunciaram à opinião pública internacional. (…)”
Massacres em Moçambique, Felícia Cabrita, A Esfera dos Livros, 2008

O excerto acima refere-se àquilo que ficou conhecido como o massacre de Wiryamu, na zona de Tete, Moçambique, ficando registada como a maior nódoa do exército colonial português, que uns dias antes do Natal de 1972, roubou a vida a centenas de moçambicanos indefesos…
Eu - o director deste blogue - ainda me lembro de, nos primeiros meses de 1973, andar a distribuir panfletos de acção psicológica, desmentindo o acontecimento perante os militares da Companhia e da população em geral da área de Mandimba e Belém (Belém agora chama-se Mitande). Aliás, para os os altos dirigentes militares (os tais cabeças de ar condicionado), essa povoação nem sequer existia no mapa de Portugal - leia-se Moçambique -, desmentido esse efectuado pelo nosso então Ministro do Negócios Estrangeiros na ONU.
Uma vergonha!
Texto da autoria do director do blogue