sábado, 21 de junho de 2025
DISCURSO DO MIGUEL SIMAS NO CONVÍVIO DO DIA 14 DE JUNHO
Caros Companheiros de Armas,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Eu e a minha Companheira Ana, que também foi expedicionária em Mandimba, apresentamos as nossas melhores saudações a todos os presentes que se dignaram aqui vir, para convivermos e assim, para alguns, continuarmos a cimentar uma amizade de mais de cinquenta anos.
Atualmente vivemos num Mundo cada vez mais desumano onde a Vida não tem qualquer valor. Liquidam-se pessoas como se matam baratas e, pasme-se, alguns dos nossos contemporâneos se autodestroem consumindo substâncias aditivas que os conduzem inevitavelmente à sua morte.
As guerras de hoje são feitas por “guerreiros corajosos” sentados nas suas poltronas que, manuseando equipamentos tipo “matraquilhos”, conseguem destruir individualidades a centenas ou mesmo milhares de quilómetros de distância.
Até as guerras do nosso tempo eram mais humanas. Andávamos nós atrás deles e eles atrás de nós e, felizmente, poucas vezes nos encontrávamos.
As sempre traiçoeiras minas é que nos arreliavam pelos estragos causados e pelo facto de não vermos a cara ou as caras de quem as tinha colocado!
Periodicamente a Humanidade começa a criar e a desenvolver relações, em que o ódio vem sempre em crescendo, culminando em confrontos bárbaros onde são eliminadas milhares de vidas.
Foi assim em 1914, foi assim em 1940 e estamos outra vez metidos noutra! Se as duas primeiras guerras mundiais foram devastadoras esta que agora se prevê sê-lo-á ainda mais tal a sofisticação e eficácia das armas atuais.
Caros Companheiros,
A nossa passagem por África deixou-nos marcas indeléveis.
Na semana passada a Ana veio fechar o portão depois de eu ter saído com o carro. Voltei a casa para apanhar algo que me tinha esquecido e vi-a com as lágrimas nos olhos!
Disse-me ela: já viste passou agora aqui uma Berliet com o se potente motos a roncar e, sem eu querer, vieram-me as lágrimas aos olhos!
Reminiscências da nossa vivência em Moçambique!
Ultimamente temos vindo todos os anos a este convívio e, cada vez que cá venho, sinto-me dois anos mais novo. Assim continuando tornar-me-ei imortal!
Companheiros, votos de um bom convívio, de uma boa refeição e um bom regresso de todos nós às nossas casas.
Obrigado ao Milton Mota e à Solene pela brilhante organização deste evento.
Haja saúde para todos e até para o ano!
Miguel M. Simas.
Restaurante Maurício, Aguim, Anadia, 14-06-2025
sexta-feira, 25 de abril de 2025
O nosso 25 de Abril foi a 26
Na tarde de 23ABR1974 fomos informados por um guarda rural que nessa madrugada um grupo IN tinha assaltado as machambas de Juma. Devido à hora tardia não pudemos efectuar a perseguição nesse dia.
No dia seguinte, pelas 6 horas da manhã, iniciámos a perseguição do rasto deixado pelo IN. O rasto era pouco visível devido à formação utilizada (em linha) e aos inúmeros rios encontrados durante o percurso. Pelas 14 h suspeitámos da proximidade de uma base IN pelo cheiro a fumo de milho cozido. Como o capim era alto e a natureza do solo rochoso, não foi possível detectar o posto avançado da sentinela sem sermos vistos.
No dia seguinte, pelas 6 horas da manhã, iniciámos a perseguição do rasto deixado pelo IN. O rasto era pouco visível devido à formação utilizada (em linha) e aos inúmeros rios encontrados durante o percurso. Pelas 14 h suspeitámos da proximidade de uma base IN pelo cheiro a fumo de milho cozido. Como o capim era alto e a natureza do solo rochoso, não foi possível detectar o posto avançado da sentinela sem sermos vistos.
Durante ½ hora houve troca de tiros de ambas as partes, tendo o IN utilizado por três vezes o morteiro 61 antes de retirar, embora essas granadas tenham caído perto das NT, não causando, no entanto, feridos. Seguidamente entrámos no acampamento do IN, ficando alguns elementos a fazer a recolha do material na precipitação da fuga dos guerrilheiros da Frelimo e a destruição de 20 palhotas e 2 celeiros ali existente, enquanto a outra parte das NT fazia a perseguição da força inimiga que disparava em várias direcções por entre o capim bastante alto. Pelo rasto de sangue encontrado deduz-se que houvesse um ferido grave, sendo este o sentinela do posto avançado que primeiramente abriu fogo sobre nós. O número provável de elementos seria de 10 guerrilheiros e 5 mulheres, sendo o chefe da base um tal Eugénio Agia, conforme carta encontrada na palhota do mesmo.
Possivelmente alguns elementos IN ter-se-ão posto em fuga completamente nus, pois encontravam-se a descansar nas palhotas quando foram surpreendidos e tinham a roupa a secar. Pelas 18 h chegámos à linha do CF, aproximadamente a 3 km do acampamento de Namicoio Velho.
Na 5ª feira, dia 25 de Abril continuámos o caminho pela linha férrea a fim de detectar uma possível travessia do IN, mas as buscas foram infrutíferas. É de salientar a atitude do 1º Cabo Indala Vali, pela maneira como respondeu, com eficácia, de pé, ao fogo do sentinela IN, afirmando ele que lhe atirou três tiros, atingindo-o.
Resultados obtidos: 1 ferido confirmado; 2 mina A/P TMD 6; 5 GMD mod. F1; 1 granada armadilhada de fabrico desconhecido; 2 carregadores de Kalashnikov, 3 porta granadas; 5 pentes c/ munições; 1 cantil; fardamento diverso e cobertores; 2 caldeiros grandes; destruição de 20 palhotas e 2 celeiros cheios.
In História da Companhia C. Caç 4242
domingo, 6 de abril de 2025
Capitão Lisboa
Tive conhecimento que faleceu, há cerca de 3 meses, o Cap. Lisboa, comandante da CART. 2764 que conosco partilharam os convívios de 2018 e 2019 em Oliveira do Bairro. Lembro que a CART. 2764 nos antecedeu naquelas remotas paragens do Niassa.
Em nome dos militares da CCAC. 4242 endereçamos as nossas condolências.
Um abraço solidário para todos os militares das CCAC. 4242 e CART. 2764.
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