(...) que teria ocorrido há coisa de 8 dias [12Ago74] num posto de [M'Ponda] fronteira do Malawi, nas cercanias [a ocidente] de Mandimba. Certa tarde alguns porta-vozes lançam, sobre os muros da guarnição portuguesa [CCac4242/72 ali aquartelada há 21 meses], um apelo da FRELIMO à "fraternizaçâo": "Saiam sem armas para dar o abraço da fraternizaçâo". No interior do posto há uma concentração: "Porque não, se afinal de contas a guerra acabou e negocia-se a independência?". E eis que os bravos soldados portugueses (que em 15Ju174 tinham sofrido 2 mortos em combate], se lançam afectuosamente nos braços estendidos dos guerrilheiros que os aguardam com largos sorrisos descobrindo os dentes brancos. Abraçam-se com grandes palmadas nas costas e, logo a seguir, os terroristas sacam das armas e fazem-nos a todos prisioneiros. Foi assim que 150 homens foram capturados. O alerta foi dado por dois atrasados que tinham a "fraternizaçâo" lenta. A partir daí, as versões divergem: alguns afirmam que os 150 soldados foram massacrados a alguns quilómetros do local: outros, que foram conduzidos cativos ao Malawi. O mais verosímil é que tenham sido libertados após uma intervenção do comandante da FRELIMO da região de Tete, Raimundo Dalepa.»
O documento onde surgiu esta informação encontra-se clicando no link abaixo. Como é um documento com 77 pag., pode lê-lo integralmente ou apenas a pag. 37.
http://ultramar.terraweb.biz/AbreudosSantos/197408_x.pdf
Em relação à disparatada notícia recebemos as seguintes opiniões:
1. Simas enviou o seguinte comentário sobre a publicação : "Amigo Almeida,
Ainda não li Uma Estória Que Não Aconteceu bem mas respondo-te rapidamente.
A descrição, pelo menos quanto ao local e à chacina, é falsa.
De resto a História da nossa CCAÇ, que até registava os percursos de chegada dos médicos, não deixaria passar tal acontecimento que como sabes não consta lá.
Julgo ter ouvido falar numa cena parecida mais para cima para o Rovuma mas sem chacina.
Um abraço amigo."
2. Azevedo enviou o seguinte comentário sobre a publicação Uma Estória Que Não Aconteceu:
"Falsidade pura. O que se passou realmente, foi a ocorrência da morte de dois camaradas, quando regressavam do Monhahery para Mandimba e também de um curto encontro havido com alguns elementos da Frelimo, no largo do Chipa, junto à tasca do Régulo, com uma ligeira passagem pelo Quartel em Mandimba, suponho!...
Nas duas situações estive presente, na primeira como chefe da secção das evacuações e na segunda, como membro destacado pela Companhia para o efeito. De resto, nós regressamos de boa saúde em coluna militar até Nampula, onde até tivemos a companhia do velho Cassiano (cantineiro) com o seu toyota, depois de termos feito entrega do quartel à PSP, na pessoa do subchefe que na altura comandava a secção. Eu até gostava de visitar a Mandimba de agora!..."
3. Do nosso companhero Pires de Lima que esteve no destacamento de Belém:
Caro camarada:
Não nos conhecemos mas andamos juntos. Ao ler alguma coisa sobre a CCaç.4242, reparei que falam na entrega de uma companhia nas mãos da Frelimo por pensarem que eram todos irmãos. Essa companhia estava em OMAR, no Rovuma. Conheço um colega desse tempo que estava naquela zona salvo erro em Nangade e que veio a pé para Mueda.
Omar era atacada todos os dias e em todos os momentos. A minha companhia esteve em Cabo Delgado - Antadora - (Fevº 71 a Julho 72) antes de irmos para Belém. Quando desembarcaram em Belém para irem para Mandimba, eu estava lá. Eu sou o ex-Furriel Miliciano Lima ( CCav.3320) que segui com a escolta quando o comboio foi minado. Aliás foi a última escolta que fiz pois nós regressamos a Lisboa em Abril.
Saudações de combatente.
O documento onde surgiu esta informação encontra-se clicando no link abaixo. Como é um documento com 77 pag., pode lê-lo integralmente ou apenas a pag. 37.
http://ultramar.terraweb.biz/AbreudosSantos/197408_x.pdf
Em relação à disparatada notícia recebemos as seguintes opiniões:
1. Simas enviou o seguinte comentário sobre a publicação : "Amigo Almeida,
Ainda não li Uma Estória Que Não Aconteceu bem mas respondo-te rapidamente.
A descrição, pelo menos quanto ao local e à chacina, é falsa.
De resto a História da nossa CCAÇ, que até registava os percursos de chegada dos médicos, não deixaria passar tal acontecimento que como sabes não consta lá.
Julgo ter ouvido falar numa cena parecida mais para cima para o Rovuma mas sem chacina.
Um abraço amigo."
2. Azevedo enviou o seguinte comentário sobre a publicação Uma Estória Que Não Aconteceu:
"Falsidade pura. O que se passou realmente, foi a ocorrência da morte de dois camaradas, quando regressavam do Monhahery para Mandimba e também de um curto encontro havido com alguns elementos da Frelimo, no largo do Chipa, junto à tasca do Régulo, com uma ligeira passagem pelo Quartel em Mandimba, suponho!...
Nas duas situações estive presente, na primeira como chefe da secção das evacuações e na segunda, como membro destacado pela Companhia para o efeito. De resto, nós regressamos de boa saúde em coluna militar até Nampula, onde até tivemos a companhia do velho Cassiano (cantineiro) com o seu toyota, depois de termos feito entrega do quartel à PSP, na pessoa do subchefe que na altura comandava a secção. Eu até gostava de visitar a Mandimba de agora!..."
3. Do nosso companhero Pires de Lima que esteve no destacamento de Belém:
Caro camarada:
Não nos conhecemos mas andamos juntos. Ao ler alguma coisa sobre a CCaç.4242, reparei que falam na entrega de uma companhia nas mãos da Frelimo por pensarem que eram todos irmãos. Essa companhia estava em OMAR, no Rovuma. Conheço um colega desse tempo que estava naquela zona salvo erro em Nangade e que veio a pé para Mueda.
Omar era atacada todos os dias e em todos os momentos. A minha companhia esteve em Cabo Delgado - Antadora - (Fevº 71 a Julho 72) antes de irmos para Belém. Quando desembarcaram em Belém para irem para Mandimba, eu estava lá. Eu sou o ex-Furriel Miliciano Lima ( CCav.3320) que segui com a escolta quando o comboio foi minado. Aliás foi a última escolta que fiz pois nós regressamos a Lisboa em Abril.
Saudações de combatente.
Mail enviado ao amigo Fernando Gil que alertou para o facto:
"Caro amigo Fernando Gil
Desde já o meu bem-haja por me ter enviado o mail e aquele documento “Raimundo Dalepa”.
O assunto relatado naquele documento é surrealista:
1.É verdade que a C. Caç. 4242/72 esteve aquartelada em Mandimba desde 28 de Novembro de 1972 até fins de Setembro/princípio de Outubro de 1974.
2.É verdade que sofremos 2 mortos no dia 15 de Julho de 1974.
3. É verdade que a localidade de M`ponda – a caminho do Napulo, muito perto do Lago Amaramba - pertencia à nossa área de acção, só que não havia lá nenhum posto de aquartelamento das nossas tropas, pelo que os factos relatados, a existirem, não teriam acontecido nesse aldeamento, mas sim em Mandimba.
4.É certo que a partir de Agosto (?) de 1974 se registou o cessar-fogo, pelo que terminaram os actos bélicos, surgindo, com naturalidade, a tolerância mútua.
5.Nunca se registou nenhum acto de fraternização, nem abraços, nem qualquer outro tipo de manifestação entre as nossas tropas e os elementos da Frelimo, nem qualquer tipo de diálogo efusivo como é referido no documento.
6. É mentira que a Frelimo tenha feito prisioneiros. Tal facto nunca aconteceu. As manifestações que existiam entre a Frelimo e as populações eram realizadas nos aldeamentos e, quando em Mandimba, nos jardins da Administração, mesmo em frente ao nosso aquartelamento.
7.No documento fala em 150 homens. A nossa companhia tinha um número inferior ao apontado.
8.Resumindo: as tropas não fraternizaram com as da Frelimo, não houve prisioneiros nem mortes daí resultantes. Houve sim uma manipulação descarada dos acontecimentos, patente no relatório que estamos a confrontar.
9.A primeira vez que uma delegação da Frelimo entrou no nosso quartel foi em 29 de Setembro de1974, conforme relata a história oficial da Companhia: “Uma comissão da FRELIMO visitou esta [Companhia 4242/72], efectuando um comício [nos jardins da Administração] no dia 29.” (Pag. 108)
Caro Fernando Gil, esta é a minha versão dos acontecimentos. Já pedi a outros companheiros que me relatassem a sua versão. Se existir algo de relevante, comunicarei consigo.
Um abraço
Manuel Cesário Almeida"
Aceitam-se comentários de quem possa confirmar ou desmentir estas atoardas. O nosso comandante de companhia deve ter informação valiosa que poderia esclarecer alguns factos. Eu sei que ele lê o blogue. Espero a sua colaboração.
Um abraço para todos.
Aceitam-se comentários de quem possa confirmar ou desmentir estas atoardas. O nosso comandante de companhia deve ter informação valiosa que poderia esclarecer alguns factos. Eu sei que ele lê o blogue. Espero a sua colaboração.
Um abraço para todos.
3 comentários:
AGUARDO COMENTÁRIOS A ESTA FALSIDADE HISTÓRICA.
Falsidade pura. O que se passou realmente, foi a ocorrência da morte de dois camaradas, quando regressavam do Monhahery para Mandimba e também de um curto encontro havido com alguns elementos da Frelimo, no largo do Chipa, junto à tasca do Régulo, com uma ligeira passagem pelo Quartel em Mandimba, suponho!...
Nas duas situações estive presente, na primeira como chefe da seccção das evaquações e na segunda, como membro destacado pela Compenhia para o efeito. De resto, nós regressamos de boa saúde em coluna militar até Nampula, onde até tivemos a companhia do velho Cassiano (cantineiro)com o seu toyota, depois de termos feito entrega do quartel à PSP, na pessoa do subchefe que na altura comandava a secção. Eu até gostava de visitar a Mandimba de agora!...
Abraços do Azevedo
Não sei se ainda vai a tempo de ser útil. De facto o comentarista que fala em Omar tem toda a razão. Tratou-se de uma Companhia cujo Capitão ausente, de férias em Portugal, não encontrou no regresso.
Aparentemente cansados dos ataques contínuos e sem liderança, deixaram-se facilmente enganar e foram "convidados" a acompanhar a Frelimo até à Tanzânia a partir de onde foram posteriormente libertados. O Cap. Mil. chamava-se Baldaia. Que fique a correcção.
António Adão
Enviar um comentário